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Esta é a Karen Valentim, mulher, brasileira, indígena e artista

Karen tem um íntimo colorido. Ela, através da sua arte, nos conta lindas histórias de mulheres de luta, mulheres reais e incríveis como a dona Rosa.


Texto por Marina Borges

para Intimo Colorido


 

Esta é a Karen Valentim, mulher, brasileira, indígena, artista. Karen tem 25 anos, mora em Vilha Velha (ES) e, desde 2012, constrói um importante legado através de intervenções urbanas, murais (graffiti) e produções culturais, trabalhando com temas dos povos tradicionais e trazendo especialmente personagens indígenas femininas. A partir de suas criações, busca abrir espaço a grupos e pessoas comumente invisibilizadas, com a proposta de mudar, fomentar e articular demandas culturais em bairros e comunidades marginalizadas, que estão fora do centro da cidade.



Karen tem um íntimo colorido. Ela talentosamente nos conta lindas histórias através da sua arte. Histórias de mulheres de luta, mulheres reais e incríveis como a dona Rosa, capixaba de Vitória (ES), que construiu sua família no município da Serra. Em Jacaraípe, lugar onde vive, sua família tem o seu sustento baseado na pesca. Karen nos conta que as portas da casa de Dona Rosa estão e sempre estiveram abertas para a comunidade.



Uma mulher forte, militante, e que é, até hoje, uma luz que guia muitos jovens nas suas caminhadas, por meio de encontros e rodas de conversa com a comunidade, o movimento dos direitos humanos, das mulheres e dxs negrxs que promove diariamente em sua casa, e que se tornam possíveis através de sua abertura e um diálogo igualitário, sempre com muito amor, carinho e uma leveza única.




Em 2017, a Karen iniciou sua jornada de produção de projetos com mulheres, um anseio grande que ela trazia havia muito tempo. Sua proposta era de pintar dez murais sobre a história de mulheres capixabas que são parte das comunidades, focando na importância da resistência dos territórios reconhecida nestas figuras. Um detalhe incrível sobre o trabalho da Karen é que ela desenvolveu pesquisas para a utilização de pigmentos naturais no graffiti, encontrando assim uma opção mais acessível financeiramente e, o mais especial de tudo, mantendo a proposta de conexão com sua ancestralidade.




Dentro deste projeto, então, a partir da admiração que nutria há anos pela Dona Rosa, por seu acolhimento com todxs e tudo, a Karen encontrou uma forma de agradecê-la por ser essa referência como mulher e pessoa, por sua história, e pela honra de poder estar ao lado de uma mulher que, em sua simplicidade, está sempre lutando por dias melhores para todxs. No entanto, como pessoa humilde que é, a Dona Rosa demonstrou ter certo desconforto com premiações e reconhecimentos públicos, então não aceitou a ideia de ter seu rosto estampado em um mural. Mas a Karen não ficou satisfeita com a resposta e propôs, como conclusão deste trabalho e em parceira com os projetos locais “Marias: Residência Artística Feminina” e o grupo “Afromeríndios”, a criação do mural sobre a Dona Rosa como um presente surpresa.




Após conversar com a família sobre a importância de agradecer à Dona Rosa por tudo que ela representa enquanto ela ainda é viva e presente no dia a dia de todos, o mural foi criado em dois dias e, quando a comunidade foi percebendo quem seria a homenageada, notava-se o imenso carinho com que reconheciam a importância dela na história dos moradores daquele bairro.


“Meu contato com ela é sempre um turbilhão de aprendizados e sentimentos, ela é muito agitada, [...] e é muito linda a disposição que ela tem para estar com as pessoas partilhando saberes. Ela é guardiã da Natureza, dos Direitos Humanos e eu sou uma jovem aprendiz que tem o merecimento de conhecer uma mulher tão linda e cheia de vida. Choramos, nos abraçamos, choramos de alegria e tiramos muitas fotos com a galera do bairro. Sou eternamente grata pela vida de Dona Rosa.”

(Karen Valentim)




Foi quando a Karen teve conhecimento sobre a luta de resistência que a Dona Rosa travou para que todos pudessem permanecer morando nos loteamentos da região quando ela, com seu filho mais velho ainda no colo, enfrentou a justiça para que não houvesse a remoção das famílias. Isso fez com que a Karen reafirmasse ainda mais que ela é mesmo uma pessoa iluminada, que faz de tudo para mudar a realidade de vida de todos ao seu redor, sempre de forma harmônica e leve.


“A minha certeza de ter um íntimo colorido é a potência do realizar de forma coletiva, são as experiências vividas em comunidade, que me permitem transformar as realidades com a arte e a cultura, sempre presentes e vivas em cada momento.”

Karen Valentim




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